Recordando uma história oculta

6 de Novembro de 2025

Quando o regime comunista chegou ao poder na Romênia em 1947, as irmãs da Congregação de Notre Dame de Sion foram forçadas a entrar na clandestinidade.

Suas escolas e conventos foram confiscados. Muitas foram dispersas, algumas foram presas. Todas foram silenciadas, mas sua confiança em Deus permaneceu, silenciosamente.

Essa história, mantida sob o véu da modéstia por décadas, é agora contada em In Sion Firmata Sum. Viața și activitatea în clandestinitate a surorilor Congregației Notre Dame de Sion în timpul regimului comunist din România (1947–1989) (A vida e as atividades clandestinas das irmãs da Congregação de Notre Dame de Sion durante o regime comunista na Romênia (1947-1989)), escrito pelo padre Corneliu Berea.

Seis capítulos traçam períodos sucessivos, cada um inserido em seu contexto político, para tornar clara e acessível uma história complexa. Baseando-se em cartas e outros materiais de arquivo, o livro traça a resiliência espiritual e prática das irmãs ao longo de anos de sigilo e perseguição.

O projeto foi iniciado pela Irmã Iuliana Neculai NDS, que sentiu uma necessidade urgente de preservar a memória daqueles que viveram sua vocação em silêncio. “Trinta e cinco anos desde 1989”, diz ela, “estamos novamente em um momento de transição, porque a geração que viveu aqueles anos faleceu silenciosamente”.

De começos vibrantes a uma vida de fé à margem da sociedade

A Congregação de Notre Dame de Sion chegou pela primeira vez à Romênia em 1866, estabelecendo escolas em Iași, Galați, București e Oradea. Enraizadas na visão do fundador, Pe. Théodore Ratisbonne, essas escolas eram centros vibrantes de educação para meninas de diversas origens sociais e religiosas.

Durante as duas guerras mundiais, as irmãs se adaptaram. Transformaram suas escolas em hospitais de campanha e cuidaram dos feridos, demonstrando uma resiliência que prenunciava o que estava por vir.

Sob o comunismo, a vida comunitária foi desmantelada e as irmãs ficaram efetivamente sem casa e sem emprego. Algumas encontraram abrigo com famílias ou encontraram trabalhos modestos. Algumas foram presas. Ainda assim, continuaram seu apostolado em segredo, onde podiam, mantendo-se fiéis à sua vocação como se fosse um tesouro precioso.

Um tempo de deserto

A Irmã Iuliana lembra-se de ter conhecido algumas das quase cem irmãs que passaram por esse período clandestino. Para ela, os anos em que viveram escondidas evocam uma imagem bíblica. “As irmãs descreveram esse tempo como um deserto, um lugar de provação e transformação. Foi difícil, mas o seu vínculo com Deus fortaleceu-se ali.”

“A coragem delas era silenciosa, mas firme”, diz ela. “Elas faleceram tranquilamente, uma a uma, sustentadas pela mesma fé que lhes deu força para confessar Cristo diante da perseguição.”

As irmãs encontraram maneiras de enviar cartas clandestinamente para fora do país, para informar a Congregação sobre notícias importantes, como falecimentos e votos secretos.

Reconectando-se e relembrando

Durante as décadas comunistas, a comunicação com a Congregação no exterior era proibida. Depois de 1989, quando os muros caíram, o reencontro foi alegre e complexo. “Estávamos nos redescobrindo”, lembra a irmã Iuliana. “Lembrar daquela época nos ajuda a nos reconciliar com o passado e vê-lo à luz de Deus.”

Um legado vivo

A Congregação de Nossa Senhora de Sion é profundamente grata ao padre Corneliu pelo testemunho que ele elaborou com tanto cuidado e respeito. “Com sua paciência, dedicação e paixão”, diz a irmã Iuliana, “ele nos deu não apenas um registro histórico, mas uma história que fala ao coração”.

De fato, o livro, que termina com notas biográficas sobre cada uma das irmãs que viveram aqueles anos, é mais do que uma crônica do sofrimento; é uma celebração da resistência espiritual e um ato de memória. Ele lembra aos leitores que a fé vivida hoje na Igreja romena é construída sobre o trabalho oculto daqueles que vieram antes: bispos, padres, pessoas consagradas e inúmeros leigos que mantiveram a chama acesa em tempos sombrios.

É uma mensagem universal: a liberdade de crença não deve ser dada como garantida. Como reflete a Irmã Iuliana, “A liberdade de que desfrutamos hoje é um dom precioso, mas também acarreta a responsabilidade de viver essa liberdade conscientemente, com gratidão e compromisso”.

 

A imagem principal no topo da página mostra a comunidade de Notre Dame de Sion de Galatz em 1942 (foto à esquerda) e as irmãs durante o comunismo, tendo abandonado os sinais externos da vida religiosa e vivendo na pobreza (foto à direita).

Onde comprar o livro

In Sion Firmata Sum está disponível online em romeno através da Librăria Sapientia. Você também pode ler o prefácio do livro no site da Editura Sapientia.

Desenvolvimentos literários futuros

A data de lançamento da edição em inglês será anunciada oportunamente e, devido ao volume de pesquisa descoberto, está previsto um segundo livro.

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